A vasectomia masculina é um tema cercado de dúvidas e até tabus.
Quando se fala em um procedimento que impossibilita o homem de ter filhos, muitos boatos são disseminados até que adquirem status de verdade.
Vasectomia provoca impotência? Vasectomia é reversível? A cirurgia de vasectomia é 100% segura? Quem pode fazer, afinal?
Todos são questionamentos válidos, mas é importante ter cuidado com a fonte de informações que você consulta.
É por isso que, neste artigo, elaboramos um guia completo com tudo sobre vasectomia.
Você vai descobrir quando o procedimento é indicado, quem pode fazer e como a cirurgia é realizada.
Além disso, vamos falar de possíveis consequências e também destacar vantagens e desvantagens da vasectomia.
Se você busca informações confiáveis para acabar com todas as suas dúvidas sobre o assunto, está no lugar certo.
Boa leitura!
O que é a Vasectomia?
A vasectomia é uma intervenção cirúrgica realizada no homem, cujo objetivo é provocar a sua esterilização, ou seja, tornando-o incapaz de ter filhos.
Trata-se de um procedimento de efeito permanente, não reversível, e com alta eficácia.
Por isso, só é indicado para pacientes que têm absoluta certeza sobre a ideia de não ter filhos.
Traçando um comparativo, a vasectomia é a versão masculina da laqueadura (ou ligadura) de trompas na mulher, embora um método seja realizado de forma totalmente diferente do outro.
Regras da vasectomia no país
A chamada esterilização voluntária está prevista na Lei nº 9.263/1996, que aborda o planejamento familiar.
Este é o texto que estabelece as regras e critérios para a realização da vasectomia.
Basicamente, o procedimento somente é permitido sob as seguintes condições:
- Homens com capacidade civil plena
- Maiores de 25 anos de idade
- Com pelo menos dois filhos vivos (se o paciente tem menos de 25 anos)
- Havendo a manifestação da vontade em documento com registro em cartório
- Estando ciente sobre os riscos da cirurgia, possíveis efeitos colaterais, dificuldades de sua reversão e também quanto a opções de contracepção reversíveis existentes
- Se houver consentimento do cônjuge (para homens casados)
- Mediante autorização judicial (para pessoas incapazes).
Importante dizer ainda que deve ser observado o prazo mínimo de 60 dias entre a manifestação da vontade e o procedimento cirúrgico.
Nesse período, o paciente será alvo de uma abordagem multidisciplinar do chamado serviço de regulação da fecundidade.
O objetivo é oferecer aconselhamento ao homem para desencorajá-lo da realização da cirurgia que resulta na esterilização precoce.
Como funciona e como é feita?
Qualquer intervenção cirúrgica na região genital masculina reacende tabus. Com a vasectomia, não é diferente.
Mas o procedimento é bastante simples, além de ser realizado muito rapidamente.
Dura pouco mais de 20 minutos apenas e não exige a internação do paciente em unidade hospitalar. Inclusive, pode ser realizado em ambulatório, sem necessidade de utilizar centro cirúrgico.
Importante dizer que a cirurgia não é realizada no pênis, mas no saco escrotal.
Primeiramente, é aplicada anestesia local. Em seguida, o médico realiza um pequeno corte para a localização dos canais deferentes, que é por onde passa o sêmen com os espermatozoides no momento da ejaculação.
A cirurgia, então, se completa com o corte desses canais, que depois são amarrados, causando a sua obstrução total e impedindo que haja espermatozoides no líquido ejaculado.
Ao final, o médico fecha o pequeno corte que realizou e o paciente é liberado para ir para casa.
É natural sentir certo desconforto na região após a cirurgia, mas não dor.
Já no momento da relação sexual, nenhuma consequência é esperada, nem mesmo uma possível diminuição na sensação de prazer.
Também não há alterações na quantidade de líquido espermático produzido
O que é importante, contudo, é dedicar atenção especial à recuperação do procedimento, como iremos explicar no próximo tópico.
Antes, porém, vamos falar de possíveis complicações decorrentes do ato cirúrgico.
Riscos da cirurgia de vasectomia
Como já dito, a realização da cirurgia depende da assinatura de um termo de consentimento pelo paciente.
O documento serve para ele manifestar ciência quanto às chances de a vasectomia não ser bem-sucedida, não havendo a esterilização pretendida.
Mas os insucessos no procedimento são bastante raros, já que seu índice de eficácia chega a 99%.
O paciente também deve conhecer e aceitar os riscos da operação, embora sejam pequenos, dada a segurança que ela oferece.
Sangramentos são o risco mais comum, seguidos por algum tipo de inflamação ou infecção.
Pode ocorrer ainda o chamado granuloma do esperma, formado no local onde o canal deferente é selado.
Já se houver acúmulo de esperma, o paciente pode sentir dor nos testículos, a qual pode ser aliviada a partir da ingestão de medicamentos anti-inflamatórios.
Outra possibilidade, embora extremamente rara, é a de reconexão dos canais deferentes que foram separados.
Se isso ocorrer, o homem volta a se tornar fértil e há chance de provocar uma gravidez indesejada.
Como é a recuperação da cirurgia de Vasectomia?
Como a vasectomia é uma cirurgia pouco invasiva, a recuperação do procedimento também costuma ser mais tranquila para o paciente.
Conforme destacamos antes, pode ocorrer algum desconforto ou até mesmo dor nos testículos, embora não seja esperada.
Para evitar esse quadro, é recomendável a aplicação local de bolsas com gelo, além de repouso no dia da cirurgia.
Há pacientes que saem do ambulatório ou hospital direto para o trabalho.
Não chega a ser um problema. Porém, se puder evitar, melhor.
Permanecendo a dor local, devem ser administrados os medicamentos anti-inflamatórios receitados pelo médico.
Outro cuidado importante diz respeito aos efeitos da vasectomia.
Afinal, eles não são instantâneos.
A indicação médica é para que o casal mantenha um método contraceptivo por 60 dias após a realização da cirurgia.
O que pode acontecer é que espermatozoides permaneçam vivos no canal que leva ao pênis.
Para tirar qualquer dúvida e constatar a sua ausência, o paciente deve realizar um exame chamado de espermograma.
Quanto à atividade sexual, a dica é relaxar e aproveitar.
Nenhuma área relacionada à ereção é impactada pela cirurgia de vasectomia.
Da mesma forma, o homem segue ejaculando, mas agora o líquido seminal produzido pela próstata já não possui mais sêmen.
Vasectomia é reversível?
Antes da cirurgia ser realizada, há todo um trabalho psicológico e multidisciplinar para garantir que não haja arrependimento posterior.
Ainda assim, esse tipo de frustração pela esterilidade pode aparecer.
Quando realiza a vasectomia muito jovem, por volta dos 25 anos, o homem tem muitas experiências a viver pela frente.
Pode conhecer uma nova companheira e despertar novamente o desejo de ter filhos.
Se for essa a intenção, não são boas as chances de sucesso na reversão do procedimento – ao menos não tanto quanto a própria eficácia da vasectomia.
A recomendação é conversar com o médico, pois o êxito na reconexão dos canais varia de homem para homem.
Um fator importante é o tempo já decorrido desde a realização da cirurgia.
Quanto maior ele for, menos chance o paciente tem de conseguir a reversão.
Se a vasectomia ocorreu há menos de três anos, a expectativa é positiva.
Também a técnica utilizada na esterilização do homem faz diferença no momento da sua reversão.
Se ela foi empregada adequadamente, contribui para o paciente voltar a poder ter filhos.
Por outro lado, se o corte foi feito de modo a não permitir novamente a ligação entre os canais, a reversão não será bem-sucedida.
Ainda assim, será preciso examinar novamente se há espermatozoides nos canais deferentes.
Como é a cirurgia de reversão?
A cirurgia de reversão da vasectomia é um pouco mais complicada que o procedimento original, mas nada que desperte grandes preocupações.
Sua duração aproximada é de quatro horas, período no qual o médico volta a ligar os canais deferentes.
A anestesia nesse caso é geral e a intervenção acontece em ambiente cirúrgico.
O paciente deve permanecer dois dias em repouso e só pode começar a fazer movimentos que exigem um pouco mais, como dirigir, após uma semana da cirurgia.
As relações sexuais podem ser retomadas 15 dias depois.
Já atividades físicas e a prática de esportes são liberadas em 30 dias.
Quais as vantagens da vasectomia?
Quando se fala em vantagens da vasectomia, é inegável que a principal delas se relaciona com o planejamento familiar.
Passados cerca de 60 dias de sua realização, não mais o casal precisa se preocupar com métodos contraceptivos, como a pílula anticoncepcional, embora a camisinha siga cumprindo importante papel na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis.
Isso pode ser favorável à própria relação, permitindo ao homem e à mulher relaxar e se concentrar apenas no prazer.
É o fim das relações sexuais nas quais o medo da gravidez indesejada atrapalha o desempenho ou a concentração dos parceiros no ato em si.
Além disso, a segurança que a vasectomia oferece como método contraceptivo não pode ser esquecida – o que decorre da altíssima eficácia.
Há ainda os benefícios da cirurgia em si.
Ou seja, é um procedimento pouco invasivo, seguro, rápido e em geral não doloroso.
Também não interfere na rotina do homem e tem um pós-operatório tranquilo.
É muito diferente nesse sentido da laqueadura de trompas realizada na mulher para a sua esterilização.
Desvantagens da vasectomia
Como você já deve imaginar, nem tudo são boas notícias quando o assunto é vasectomia.
Não se pode confundir a esterilização com proteção completa do homem durante o sexo.
Isso significa que a cirurgia o ajuda a não ter filhos, mas não é útil para a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis.
Se o paciente tem mais de uma parceira, portanto, precisa manter cuidados redobrados e nunca abandonar a camisinha.
Outra desvantagem aponta para a quase impossibilidade de se arrepender.
Afinal, como vimos, não há qualquer garantia de que a reversão da vasectomia funcione.
Então, ainda que mude de ideia no futuro sobre ter ou não filhos, você pode acabar preso a uma forma de pensar do passado.
No fim das contas, é uma decisão de alta exigência, o que nunca é fácil.
Vasectomia afeta a libido, ereção ou a ejaculação?
Durante muito tempo, mitos envolvendo a vasectomia foram propagados e vistos como verdadeiros por muitas pessoas.
A relação da cirurgia com o desempenho sexual masculino, inclusive, motivou muitos homens a desistir do procedimento.
Estava presente entre eles o medo de se tornar impotente, acabar a sua vontade de fazer sexo ou mesmo afetar o tempo de ejaculação.
No entanto, todos esses fantasmas não são nada mais do que mitos sem comprovação e sem razão de existir.
Muito pelo contrário, afinal, não faltam estudos atestando justamente o contrário: que a vasectomia faz bem à saúde sexual do homem.
No ano passado, foi divulgada uma pesquisa bem interessante, realizada pela Universidade de Frankfurt, na Alemanha.
Veja algumas descobertas:
- 12,4% dos homens tiveram relações sexuais mais frequentes após a vasectomia
- Houve relatos de movimentos sexuais melhores, assim como ganhos de qualidade em ereção e orgasmos
- Cerca de 40% acreditam que a vida sexual do casal melhorou com a cirurgia
- Mulheres de homens esterilizados também relatar maior desejo sexual.
9 dúvidas frequentes sobre a vasectomia
Para sedimentar o conhecimento adquirido ao longo do artigo e adicionar informações importantes sobre a vasectomia, separamos abaixo nove questionamentos frequentes sobre essa cirurgia.
Então, tire suas dúvidas!
1. A vasectomia encerra a produção de espermatozoides no homem?
Não é verdade.
O que acontece é que eles não conseguem mais chegar ao líquido expelido na ejaculação.
É por isso que é praticamente nula a chance de gravidez quando o homem passa pela cirurgia.
Mas a manutenção da produção de espermatozoides é o que explica a chance de sucesso de uma cirurgia de reversão da vasectomia.
Afinal, sem eles, não haveria mesmo como levar adiante o desejo de ser pai.
2. A vasectomia não afeta o desejo ou desempenho sexual?
Já falamos sobre isso, mas não custa reforçar.
Tudo isto aqui é apenas mito:
- Homem se torna impotente após a vasectomia
- Ele não consegue ejacular
- Perde totalmente o desejo pelo sexo
- Seu pênis diminui de tamanho
- Sua masculinidade é afetada
- Não consegue mais transar sem sentir dor.
3. Qual a relação entre vasectomia e câncer de próstata?
Essa é uma questão que permanece controversa.
Ainda não há um estudo definitivo sobre o assunto, já que produções acadêmicas anteriores chegaram a diferentes resultados, tanto identificando essa relação com o câncer quanto a descartando.
Há cerca de dois anos, na Escola de Medicina de Harvard, foi sugerido em pesquisa que a chance de contrair a doença seria 66% maior em vasectomizados.
Mas a Associação Americana de Urologia manifestou-se, à época, dizendo que ainda não estava provada a relação de causa e efeito.
A própria entidade também divulgou seu estudo sobre o assunto, em parceria com o Instituto Americano do Câncer, com conclusões diferentes.
Na dúvida, a recomendação é sempre realizar os exames preventivos junto a um urologista, tendo ou não passado por uma vasectomia.
4. O que acontece com os espermatozoides que agora não são mais eliminados?
Embora possa realmente haver acúmulo de espermatozoides nos testículos, o que já foi citado como um possível risco da vasectomia, a tendência é que eles morram e sejam substituídos por outro.
Trata-se de um processo natural e esperado. Portanto, não é nada que exija preocupação.
5. Pode ocorrer gravidez após a vasectomia?
Como já dito, a vasectomia não produz resultados imediatos.
É muito importante que outro método contraceptivo seja utilizado por 60 dias após a cirurgia.
Durante esse período, que pode ser ligeiramente menor, os espermatozoides remanescentes nos canais referentes são eliminados.
6. Pode haver dor no momento da cirurgia?
A anestesia local é aplicada justamente para evitar esse tipo de ocorrência.
Mas a ausência de dor não significa que o paciente deixe de sentir os movimentos realizados no local, incluindo os cortes realizados pelo médico.
Porém, no máximo, isso causa certo desconforto.
7. Quanto tempo aguardar para voltar a ter relações sexuais?
Não existe uma regra quanto a isso.
O certo é que o local precisa cicatrizar, como qualquer cirurgia.
O que se costuma orientar como consenso é que o paciente aguarde sete dias para voltar a se relacionar sexualmente com a parceira.
8. Onde fazer a vasectomia?
O Sistema Único de Saúde (SUS) realiza o procedimento de forma gratuita, mas é preciso preencher os requisitos estabelecidos pela legislação e passar por todo o acompanhamento multidisciplinar.
A situação não muda muito em clínicas particulares, onde a cirurgia é cobrada. No entanto, entre o encaminhamento e a sua realização, o tempo de espera costuma ser bem menor.
9. A camisinha se torna dispensável depois de fazer a vasectomia?
Este é um erro de avaliação grave, mas nem por isso incomum.
A vasectomia não oferece proteção alguma contra doenças.
E não custa lembrar que a camisinha não tem utilidade apenas para prevenção de uma gravidez indesejada.
Tendo uma ou mais parceiras, não deixe de usar o preservativo em todas as relações, mesmo depois da vasectomia.
Conclusão
Este artigo apresentou um guia completo sobre a vasectomia, cirurgia realizada para esterilizar o homem, impedindo que ele possa ter filhos.
Como vimos, esse é um procedimento simples, seguro e altamente eficaz.
Mas o principal ponto de atenção se relaciona com a certeza de dar esse passo.
Não é uma decisão fácil de se tomar, certamente.
Coloque prós e contras na balança, tenha ciência dos riscos e avalie sem pressa um futuro interesse pela gravidez da parceira.
Vasectomia é coisa séria e arrependimentos podem não ser contornados. Fale com seu médico sobre os riscos e chances de sucesso. A Cia da Consulta o aproxima de especialistas por preços acessíveis.
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