Má-formação compromete o desenvolvimento das crianças e está ligada com o vírus Zika
A microcefalia provoca má-formação nos bebês.
Imagine saber que a criança que vai nascer tem uma má-formação na cabeça que pode comprometer seu desenvolvimento? O aumento dos casos de microcefalia que vem ocorrendo no Brasil, geram diversas dúvidas sobre a doença e o que pode provocá-la.
A cabeça e o cérebro menores que os padrões considerados normais para criança de mesmo tempo, são as principais características da doença que está associada com o Zika Vírus e vem preocupando as futuras mamães.
A seguir, os profissionais de Neurologia da Cia. da Consulta vão tirar todas as suas dúvidas sobre essa doença que já é antiga na medicina, mas que devido ao aumento dos casos precisa de cada vez mais cuidados.
Microcefalia, o que é?
A microcefalia é uma doença neurológica em que a cabeça do recém-nascido é menor quando comparada ao padrão dos bebês de mesmo tempo e sexo.
Em geral, é considerado um caso de microcefalia quando os ossos do crânio se fundem de forma prematura não deixando espaço para o crescimento do cérebro sem que haja compressão das suas estruturas.
Quais os sintomas da criança com Microcefalia?
A característica mais evidente que uma criança possui microcefalia é o tamanho da cabeça, que é visivelmente menor do que a de outras crianças da mesma idade e sexo, gerando a aparência de uma noz.
Quem desenvolve microcefalia tem o perímetro do crânio menor que 33 cm no ato do nascimento ou, menor do 42cm ao completar 1 ano e 3 meses e um tamanho inferior a 45 cm depois de completar 10 anos de idade. Essa medidas podem variar caso o bebê nasça de uma gravidez com parto prematuro.
Outra consequência pode ser vista na aparência dos portadores de microcefalia. Geralmente eles apresentam a cabeça pequena com o couro cabeludo solto e meio enrugado, testa mais curta e projetada para trás, suas faces e orelhas são desproporcionais e geralmente maiores que o normal.
Dependendo do grau de gravidade da doença, a criança pode desenvolver algumas complicações que comprometem a visão, a audição,a fala, o peso e a estatura. Podem apresentar também hiperatividade, dificuldades de aprendizado, convulsões (epilepsia), deficiências cognitivas e motoras.
Como é feito o diagnóstico da Microcefalia.
O diagnóstico da microcefalia é feito através do exame da morfologia do crânio e da medida da circunferência da cabeça. O método mais confiável é o médico medir a circunferência da cabeça do bebê no momento do nascimento e 24 horas depois, levando em consideração se o bebê é prematuro ou não.
Esse exame é realizado através da medida do crânio do bebê e comparado com as curvas de normalidade. Atualmente, a Organização Mundial da saúde (OMS) define como medidas padrão para a microcefalia o número menor que 31,9 cm para meninos e menor que 31,4 cm para meninas, porém a determinação exata da malformação deve ser feita por meio de exames neurológicos e clínicos durante o desenvolvimento do bebê.
O diagnóstico também pode ser feito durante a gravidez por meio de uma ultrassonografia durante o pré-natal da gestante. Alguns exames como tomografia computadorizada e ressonância magnética cerebral também ajudam a medir e diagnosticar a gravidade da microcefalia e as possíveis consequências para o desenvolvimento do bebê.
O que causa a Microcefalia?
A microcefalia está relacionada a diferentes causas e origens, como bactérias, vírus, substâncias químicas, agentes biológicos (infecciosos) e também a radiação.
Dos vírus que podem estar envolvidos como possíveis causas da Zika, há alguns mais conhecidos como o da rubéola e toxoplasmose. Há também o citomegalovírus, herpes vírus, e algumas doenças como diabetes materna não controlada e alguns estágios da sífilis.
Outras causas e patologias também estão relacionadas com o desenvolvimento da microcefalia nos bebês durante a gravidez:
- Parada prematura do crescimento do bebê;
- Fluxo sanguíneo ao cérebro do bebê insuficiente;
- Redução do oxigênio para o cérebro fetal;
- Fenilcetonúria materna;
- Malformações do sistema nervoso central;
- Desnutrição severa da gestante, que pode não gerar nutrientes ou alimentos suficientes ao feto;
- O uso de drogas, álcool ou a exposição a certos produtos químicos tóxicos pela gestante;
- Infecção pelo Zika Vírus (principalmente no primeiro trimestre da gestação);
- Meningite
- Desnutrição
- HIV Materno
- Uso de alguns medicamentos contra epilepsia, hepatite ou câncer, nos primeiros 3 meses de gravidez
- Síndrome de Rett;
- Envenenamento por mercúrio ou cobre;
- Doenças metabólicas na mãe como fenilcetonúria;
Algumas doenças genéticas também podem causar a microcefalia, entre elas:
- Síndrome de Down
- Síndrome de Cornelia de Lange
- Síndrome Cri du chat
- Síndrome de Rubinstein – Taybi
- Síndrome de Seckel
- Síndrome de Smith-Lemli–Opitz
- Síndrome de Edwards
A criança portadora de microcefalia que também possui alguma dessas síndromes, pode desenvolver outras características físicas, incapacidades e ainda mais complicações do que as crianças que somente são portadoras de microcefalia, necessitando de um cuidado redobrado.
O que as grávidas podem fazer para evitar a microcefalia.
- Antes mesmo da mulher engravidar, é ideal que os pais do bebê iniciem um acompanhamento para avaliar a saúde de ambos e investigar se há algum fator genético que possa gerar risco na geração do bebê;
- É necessário que a mulher inicie um acompanhamento médico pré-natal antes mesmo da gravidez para colocar as vacinas em dia e iniciar suplementação com vitaminas e minerais importantes para a boa formação do tubo neural do feto;
- É necessário seguir à risca todas as orientações do ginecologista ou obstetra que faz o acompanhamento pré-natal. Importante também procurar o médico sempre que apresentar algum sintoma como febre, manchas vermelhas na pele ou sintomas que possam ser confundidos com gripe ou resfriado;
- A gestante deve evitar fatores de risco como o cigarro, álcool e uso de drogas. Exposição a radiação e contato com produtos químicos de procedência desconhecida;
- Evitar ambientes onde mais de uma pessoa foi detectada com dengue ou zika, pois o local pode ter possíveis criadouros do mosquito transmissor de dengue, Zika ou Chikungunya próximo.
Quais são as consequências da doença para o bebê?
Bebês que desenvolvem a microcefalia podem ter uma série de complicações em seu desenvolvimento. Esses problemas podem ser de leve a grave, dependendo do grau da doença e podem ocorrer ao longo da vida das crianças. Alguns problemas decorrentes da microcefalia que os bebês podem desenvolver são:
- Convulsões;
- Problemas com movimento e equilíbrio (dificuldade de sentar, ficar de pé e caminhar);
- Atraso no desenvolvimento da fala;
- Diminuição da capacidade intelectual
- Dificuldades para engolir, gerando problemas com alimentação;
- Perda de audição e problemas de visão
Os bebês com microcefalia, seja ela leve ou grave, necessitam de acompanhamento médico constante para auxiliar no seu crescimento e desenvolvimento e de cuidados especiais.
A relação do Vírus Zika com a microcefalia.
A presença do Zika Vírus durante a gravidez já foi relacionado a microcefalia depois de pesquisas confirmarem a presença do vírus primeiro no líquido amniótico dos bebês e depois no cordão umbilical.
A Médica Paraibana especialista em medicina fetal Dra. Adriana Melo, foi a responsável por comprovar a associação entre o vírus Zika e a Síndrome que vem apavorando as grávidas.
O surto de microcefalia que afetou o Brasil em 2015.
Em 2015, aumentaram os casos de microcefalia ocasionando pânico entre as futuras mamães principalmente em alguns estados do nordeste. A doença que até então era desconhecida por muitos e se desenvolvia devido a algumas causas específicas, mostrou a associação da mãe infectada pelo vírus zika a esta malformação.
O vírus que é transmitido pela fêmea do mosquito Aedes aegypti, é responsável pelo aumento do número de casos de microcefalia no Brasil e também é responsável por algumas complicações neurológicas em adultos como a síndrome de Guillain-Barré.
Um estudo realizado por pesquisadores do Centro de Controle e prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), atestou que bebês cujas mães tiveram o vírus zika durante a gestação, podem nascer com a circunferência do crânio nos padrões normais e passam a desenvolver microcefalia ao longo do seu primeiro ano de vida.
Existem sintomas durante a gravidez?
Segundo a Fundação Oswaldo Cruz, sabemos até o momento, que o primeiro trimestre da gravidez é sempre o mais delicado, e isso em qualquer situação, independentemente do Zika.
É neste período que há mais chances de vírus, seja ele qual for, ultrapassar a barreira placentária. O indicado atualmente é que as mulheres devem redobrar os cuidados por todo o período de gravidez.
Há tratamento ou vacina contra o Zika vírus?
Ainda não há vacina para combater o Zika vírus. O tratamento é feito para combater os sintomas da doença, principalmente febre e dor de cabeça que são mais frequentes e incômodos e costumam ser tratados com o uso de paracetamol, conforme prescrição médica.
Assim como no tratamento para o vírus da dengue, no tratamento do Zika Vírus também não é indicado utilizar ácido acetilsalicílico e outros medicamentos anti-inflamatórios em virtude de aumentar o risco de ocorrer hemorragias.
A orientação é sempre que o paciente sentir os primeiros sintomas, principalmente mulheres grávidas, procure um médico para receber orientação adequada.
Quando a Zica é grave e pode ocasionar a Microcefalia?
- Se ela ocorre especialmente no primeiro trimestre da gravidez. A probabilidade de ocorrer microcefalia aqui é de 1%.
- Quando a grávida desenvolve a síndrome de Guillain-Barré. Uma sensibilização provocada no sistema imunológico onde o corpo ataca os próprios nervos provocando paralisias dos pés à cabeça.
- Quando a grávida tem problemas imunológicos. O vírus pode provocar outras doenças auto-imunes como o Lúpus.
O que é importante saber sobre o mosquito transmissor da Zika para se proteger.
- É a fêmea do mosquito aedes aegypti que pica e transmite as doenças.
- A diferença entre os mosquitos machos e fêmeas é que a antena dos machos são mais peludas e o tamanho desses pêlos são menores que os da fêmea.
- As fêmeas do mosquito aedes atacam principalmente nos horários entre 7h30 às 10h e entre 15h30 às 19h.
- A fêmea voa baixo, em média a 1,2m de altura e probabilidade de picar as pernas é maior devido a isso. Portanto, é importante ficar atento e proteger as pernas.
- O aedes aegypti não gosta de claridade, e usar roupas claras e meias brancas ajuda a afastar o mosquito, esse porém não é um método de proteção eficiente. É preciso manter os outros métodos de prevenção.
- O mosquito não gosta de água suja. A água precisa estar limpa e parada.
- A queda de temperatura e umidade afastam o Aedes mas não matam o mosquito.
- O calor atrai os mosquitos, por isso é fácil ver eles rodeando lâmpadas acessas.
- O Aedes aegypti vive em média 45 dias.
- Após picar uma pessoa a fêmea não morre, pelo contrário. Ela pode dar origem a muitos outros mosquitos.
A Microcefalia tem cura?
A microcefalia é uma doença que não tem cura. O que caracteriza essa malformação na cabeça e crânio do bebê, é a união precoce dos ossos que formam o crânio e que não podem ser retirados nem por meio de cirurgia. Quando isso ocorre no período da gestação, as consequências ao bebê são ainda mais graves, pois o cérebro se desenvolve muito pouco.
Há também casos em que a junção dos ossos ocorre no final da gestação ou após o nascimento. Em virtude disso, a criança pode sofrer consequências menos graves da doença.
Qual o tratamento para Microcefalia?
O tratamento da microcefalia não cura a doença, porém ajuda a reduzir as consequências e a estimular o desenvolvimento mental e motor das funções prejudicadas em virtude da doença.
Em alguns casos, é necessário que a criança faça o uso de medicações frequentes, assim como faça a realização de exames e acompanhamento médico constante.
Para os casos mais graves, um dos tratamentos é a realização de uma cirurgia que pode ser feita até os dois meses de vida da criança. Esse procedimento ajuda a separar ligeiramente os ossos do crânio ajudando a evitar a compreensão do cérebro e permitir que ele se desenvolva mais.
Grande parte do tratamento consiste em atividades e acompanhamentos como sessões de fisioterapia, terapia ocupacional e psicoterapias que irão auxiliar no desenvolvimento da parte mental.
Acompanhamento com fonoaudiólogo e outros profissionais da medicina também são necessários para auxiliar na qualidade de vida e bem-estar da criança durante toda a fase de crescimento e até na vida adulta.
Como prevenir a zica e a microcefalia?
Para que a microcefalia seja evitada e a gravidez se desenvolva de forma tranquila, é necessário acompanhamento médico e a realização do exame pré-natal corretamente. As grávidas devem evitar o consumo de substâncias tóxicas como álcool, tabaco e drogas ilícitas.
O Ministério da Saúde recomenda que as mulheres grávidas façam uma proteção redobrada contra a picada do mosquito aedes, transmissor dos vírus da dengue, Chikungunya e principalmente o Zika, fazendo as medidas de prevenção necessárias como:
- Uso constante de repelentes apropriados para grávidas;
- Uso de roupas de manga longa para proteger o corpo;
- Instalação de telas de proteção nas janelas;
- Uso de mosquiteiros nas camas;
De forma mais ampla, é importante combater as larvas que podem se transformar em mosquitos realizando a limpeza de recipientes que acumulam água parada como vasos de planta, pneus, garrafas vazias, caixas d’água, entre outros.
Quais os especialistas que podem diagnosticar e tratar a microcefalia?
Alguns especialistas são recomendados para dar o diagnóstico de microcefalia nas crianças, entre eles estão:
- Clínico geral
- Pediatra
- Neurologista
- Neurologista infantil
Só eles poderão fazer o diagnóstico preciso da microcefalia e recomendar os tratamentos necessários para ajudar no desenvolvimento da criança.
Na Cia da consulta, temos médicos especialistas em diagnosticar e identificar um diagnóstico preciso. Aqui você agenda suas consultas de forma online ou por telefone com muito mais rapidez, praticidade, conforto entre outros benefícios a um preço acessível.
Qual a expectativa de vida das crianças com microcefalia?
O tempo de vida de uma criança com microcefalia depende de vários fatores incluindo o nível de gravidade da doença, se ela possui outras síndromes associadas e também a forma como a criança é tratada e acompanhada.
As crianças que recebem o tratamento correto e necessário para auxiliar no desenvolvimento das funções que são comprometidas pela doença, tem mais chances de ter a qualidade de vida melhorada e de chegar à vida adulta mesmo ainda sendo necessário ter alguém por perto para os seus cuidados e segurança.
A criança que é diagnosticada com microcefalia, geralmente precisa de cuidados a vida toda, isso pode ser confirmado a partir do primeiro ano de vida da criança,dependendo muito do quanto o cérebro conseguiu se desenvolver e qual parte ficou mais comprometida nesse período de tempo.
Por ser uma doença que causa uma malformação no bebê e não tem cura, a microcefalia causa diversos problemas sendo motores, psicológicos e sociais para as crianças e até mesmo para os pais.
Conclusão: atenção e dedicação são fundamentais para quem é portador de microcefalia.
Com acompanhamento médico frequente, cuidados especiais necessários, atenção e dedicação dos pais e familiares, as crianças portadoras de microcefalia conseguem levar uma vida com qualidade dentro das possibilidades do seu quadro clínico.
A realização do pré-natal corretamente e das medidas para combater os focos de mosquito transmissor do vírus Zika ainda são a melhor forma de prevenção da doença. Tem dúvidas em relação a Microcefalia? Deixe aqui a sua pergunta que os especialistas da Cia. da consulta ajudam a solucionar.
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Fontes e Referências:
Ministério da Saúde
Fundação Oswaldo Cruz
Organização Mundial da Saúde
Centro de controle e prevenção de doença dos estados Unidos
Albert Einsten
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