Com a hepatite, não dá para brincar.

Essa é uma doença relativamente comum e que, por isso, pode ser minimizada como um problema menor.

Seguir por esse caminho representa um erro grave, já que a inflamação no fígado pode evoluir para quadros bastante sérios, o que inclui o câncer entre eles.

Mas isso não significa que seja uma doença incurável ou que não tenha um tratamento eficaz.

Como você vai ver neste artigo completo sobre o assunto, há diferentes formas de enfrentar e conviver com ela.

Vamos trazer todas as informações que você precisa sobre a hepatite: sintomas, transmissão, causas e tratamento.

Você vai entender se a hepatite tem cura, o que é hepatite alcoólica e seus outros tipos.

Amplie seus conhecimentos e tire todas as suas dúvidas a partir de agora.

Boa leitura!

O que é a Hepatite?

Hepatite é um conjunto de doenças caracterizadas pela inflamação dos tecidos do fígado.

Essa inflamação resulta na degeneração das células do órgão, no comprometimento de suas funções e, consequentemente, em diversos problemas para o organismo.

Quando tem duração de até seis meses, a hepatite é classificada como aguda ou temporária.

Se perdura por mais tempo, ela passa a ser considerada crônica.

Em alguns casos, porém, a hepatite aguda pode evoluir para um quadro crônico.

Diferentes fatores podem desencadear a doença, desde a presença de agentes infecciosos no organismo até o consumo exagerado de substâncias tóxicas e problemas no sistema imunológico.

Cada caso tem características específicas e demanda um tratamento diferente.

No Brasil, como veremos a seguir, esse é um tipo de doença bastante comum.

Hepatite no Brasil

Historicamente, a hepatite B é o tipo que mais tem incidência na população geral do Brasil, com 37% do total de casos registrados desde 1999.

Em segundo lugar, vem a hepatite C, com 34% dos casos, e depois a A, com 28%.

Porém, atualmente, a hepatite C é a que tem o maior número de notificações dentre todas os tipos da doença, segundo o Ministério da Saúde.

Somente em 2017, a taxa de incidência da hepatite C foi de 11,9 casos para cada 100 mil habitantes.

Ou seja, mais de um milhão de pessoas tiveram contato com o vírus do tipo C, número que representa 0,71% da população brasileira.

Enquanto a região Nordeste do país apresenta a maior proporção de infecções pelo vírus A (30,6%), o Sudeste concentra os casos do tipo B e C, com 35% e 61% dos registros.

Diferentes tipos de Hepatite

Até aqui, falamos sobre diferentes tipos de hepatite, mas sem detalhar as características de cada um.

Neste tópico, vamos avançar no assunto para que possa compreender como a doença atua.

Classificam-se as hepatites como viral, alcoólica ou autoimune de acordo com o agente causador da doença.

Hepatites virais

As hepatites virais são separadas pelas letras do alfabeto (A, B, C, D e E), cada uma designando um vírus diferente que infecta o organismo.

Os tipos mais comuns no Brasil são as hepatites A, B e C, conforme veremos abaixo.

Os vírus D e E são têm maior prevalência na África e na Ásia.

Hepatite A

A hepatite A é causada pelo vírus VHA, um microorganismo extremamente resistente ao ambiente externo, que pode sobreviver por algumas horas na pele de uma pessoa.

A propagação do VHA ocorre principalmente por meio da água e de alimentos contaminados.

Também conhecida como amarelão, a hepatite A costuma apresentar um quadro de sintomas leve e de curta duração (de até 10 dias), que muitas vezes desaparecem sozinhos.

Hepatite B

Já a hepatite B é provocada pelo vírus VHB, também bastante resistente e com um período longo de incubação no organismo (entre seis semanas e seis meses).

Ele propaga-se principalmente por via sexual.

A infecção por esse tipo de vírus é mais comum em partes da Ásia, do Pacífico Ocidental e também da África.

Nessas regiões, estima-se que de 5% a 20% das pessoas sejam portadoras crônicas da hepatite B.

Já nos Estados Unidos e na Europa Ocidental, o vírus é menos prevalente.

Hepatite C

A hepatite C, por sua vez, é causada pelo vírus VHC, cujo período de incubação varia entre 40 e 70 dias.

A infecção ocorre quando há contato direto com o sangue de uma pessoa infectada.

Esse vírus é capaz de se modificar durante a infecção e se “esconder” do sistema imunológico, o que pode dificultar a resposta do organismo e agravar o quadro da doença.

Vale dizer ainda que a hepatite C é uma das doenças de fígado mais comuns em todo o mundo.

Hepatite alcoólica

Como o nome sugere, a hepatite alcoólica ocorre devido à ação da bebida no organismo.

O que acontece é que, quando o fígado metaboliza o álcool, substâncias extremamente tóxicas são liberadas.

Em excesso, essas substâncias são capazes de causar a inflamação no órgão.

É o início de um problema que pode ter consequências sérias, como veremos mais à frente.

Importante: homens entre 40 e 60 anos são o grupo mais propenso a desenvolver a doença.

Hepatite autoimune

A hepatite autoimune é provocada pelo próprio organismo do indivíduo, que ataca o fígado e gera a inflamação.

Isso ocorre devido a um distúrbio no sistema de defesa do corpo, que interpreta suas próprias células como agentes estranhos.

As consequências dessa “auto ataque” são a destruição gradual do órgão e a formação de cicatrizes.

Este tipo de hepatite é relativamente raro, já que acomete de 11 a 17 pessoas a cada 100 mil.

Ele se manifesta com mais frequência em mulheres.

Quais são as causas da Hepatite

Tendo em vista que há diferentes tipos de hepatite, suas causas também são bastante diversas.

A doença pode ter origem na infecção por diferentes tipos de vírus (como vimos acima), bactérias e parasitas ou ainda em problemas no sistema imunológico.

Outros fatores que desencadeiam a hepatite são o abuso de álcool, de drogas e o uso indiscriminado de determinados medicamentos.

Também podem favorecer o surgimento da hepatite uma série de outras doenças.

Entre elas, podemos citar:

Se você é portador de uma dessas condições, então, é preciso ter atenção redobrada com relação à hepatite.

Principais fatores de risco da Hepatite

Há uma série de fatores que aumentam o risco de se contrair hepatite.

Assim como tudo o que envolve a doença, eles variam conforme o seu tipo.

Vamos entender melhor?

Hepatite A

Os principais fatores de risco para a hepatite A são:

  • Ingerir alimentos crus ou que não estejam bem cozidos
  • Beber água não filtrada
  • Viajar para locais onde os índices de pessoas infectadas seja alto
  • Viver em regiões com saneamento básico precário.

Hepatite B

Já no caso da hepatite B, as chances de contração da doença aumentam para quem:

  • Mantém relações sexuais desprotegidas
  • Faz uso de drogas injetáveis
  • Tem contato com sangue de outras pessoas (profissionais da área da saúde, manicures, pacientes que necessitam de transfusão ou hemodiálise, etc).

Hepatite C

Os fatores de risco da hepatite C são parecidos com os da hepatite B. Veja:

  • Sexo desprotegido
  • Compartilhamento de agulhas
  • Trabalho que envolva contato regular com sangue
  • Transfusão de sangue
  • Transplante de órgãos
  • Hemodiálise
  • Tatuagem e acupuntura com aparelhos contaminados.

Agora que conhece tudo o que faz parte da lista de práticas arriscadas para a hepatite, vale ficar ligado no próximo tópico para conhecer os seus sintomas.

Quais os sintomas da Hepatite

A hepatite se manifesta de diferentes formas.

É importante conhecer e identificar os sinais da doença, que podem ser facilmente confundidos com outras condições de menor gravidade.

Trata-se de um erro, portanto, subestimar o quadro e deixar de procurar assistência médica.

Os sintomas mais comuns em pessoas com hepatite A e B são:

  • Falta de apetite
  • Náuseas e vômito
  • Dor muscular
  • Dores nas articulações
  • Dor de cabeça
  • Fadiga
  • Mal-estar
  • Coloração amarelada na pele e nos olhos
  • Desconforto abdominal.

A hepatite C, por sua vez, é considerada uma doença silenciosa, pois não costuma apresentar sintomas, ao menos não de início.

É comum que o indivíduo só descubra ser portador da hepatite C muitos anos após a infecção.

Em geral, isso acontece ao realizar exames de rotina ou ao sentir os sinais do fígado já está bastante danificado.

Mas apesar de raros, quando aparecem, os sintomas são semelhantes aos da hepatite A e B.

É válido, então, conhecer as formas de diagnóstico da doença, como iremos destacar no próximo tópico.

Como é realizado o diagnóstico da Hepatite?

À primeira vista, é fácil se confundir e sequer desconfiar da hepatite.

O que acontece é que ela tem sintomas clínicos semelhantes aos de outras patologias, como a dengue, a leptospirose e a sífilis.

Por isso, é preciso realizar exames laboratoriais para confirmar a doença.

Hepatites virais podem ser diagnosticadas por meio de testes bioquímicos, que identificam se há aumento no número de enzimas no fígado.

Outra possibilidade são os marcadores sorológicos, que se mostram capazes de detectar os antígenos e anticorpos do vírus.

Vale ainda destacar a biópsia do órgão, que pode ser solicitada.

Pacientes com hepatite alcoólica podem ser submetidos a outros tipos de exames, como a tomografia computadorizada abdominal e a ultrassonografia do fígado.

No caso da hepatite autoimune, não existe um exame específico para o diagnóstico.

O problema normalmente é identificado quando as outras causas da hepatite são excluídas, após serem observados os sintomas, os resultados dos exames laboratoriais e da biópsia.

Hepatite é contagiosa? Como acontece a transmissão?

Ao contrário da hepatite alcoólica e autoimune, os tipos virais da doença são, sim, contagiosos – ou seja, passam de uma pessoa para outra.

A transmissão da hepatite A se dá basicamente pelo consumo de alimentos ou água contaminados por partículas fecais que contêm o vírus.

Os tipos de alimentos com que mais se deve ter cuidado são os frutos do mar, os vegetais, as frutas e as saladas.

Isso ocorre porque eles possuem uma maior quantidade de água e também serem consumidos normalmente crus, já que o cozimento eliminaria o vírus.

Contágio através do contato com sangue ou secreções de pessoas infectadas não é tão comum quando se fala do vírus da hepatite A.

Por outro lado, essa é a principal forma de transmissão das hepatites B e C.

A hepatite B pode passar de uma pessoa para outra durante a relação sexual, em injeções ou feridas causadas por aparelho infectado, em tratamentos médicos com sangue contaminado e também da mãe para o filho, durante a gestação, o parto ou a amamentação.

No caso da hepatite C, a transmissão por via sexual é pouco frequente, e o risco de uma mulher contaminar seu bebê também é mais baixo.

Tenha cuidado, contudo, para não se afastar desnecessariamente da pessoa portadora da doença.

Nenhum dos vírus da hepatite pode ser transmitido por beijo no rosto, abraço, aperto de mão ou pelo simples convívio social com uma pessoa infectada.

Hepatite tem cura?

A hepatite é uma doença curável na maioria dos casos.

Porém, quando não há tratamento adequado ou quando o paciente não segue as orientações médicas, o processo pode se tornar mais complicado.

A recuperação da hepatite C pode ser mais difícil ou até mesmo impossível, dependendo do estágio da doença, pois os sintomas costumam se manifestar tardiamente.

As chances de cura da hepatite C são maiores quando a infecção ainda é recente e não há complicações e em pessoas que já foram submetidas ao tratamento de qualquer tipo de hepatite anteriormente.

Dito isso, resta um recado claro: busque auxílio médico tão logo identifique os primeiros sintomas.

Mais do que a cura, é fundamental saber que a hepatite tem tratamento, como iremos explicar agora.

Tratamento

Novamente, as abordagens sobre a doença mudam de acordo com o seu tipo.

Vamos começar pela hepatite A.

Uma vez que a doença costuma desaparecer espontaneamente, seu tratamento consiste principalmente em fazer repouso, consumir uma dieta equilibrada, ingerir muito líquido e não utilizar medicamentos que possam prejudicar a recuperação do fígado.

No caso da hepatite B, a melhora pode ser espontânea ou se dar após o uso de medicações específicas para interromper a multiplicação do vírus e destruir as células infectadas.

Também é aconselhado que o paciente faça repouso e não consuma bebidas alcoólicas.

O tratamento da hepatite C, por fim, é feito com um remédio chamado interferon alfa, aplicado por injeção e receitado exclusivamente por um médico.

Pode ser adotada uma terapia intensiva, com a administração da medicação injetável diariamente durante quatro semanas, diminuindo a frequência de aplicação posteriormente.

Já a hepatite alcoólica é tratada basicamente com hidratação, cuidados na alimentação e, principalmente, com a interrupção do consumo de bebidas alcoólicas.

Para reduzir a inflamação no fígado, alguns medicamentos esteroides podem ser utilizados.

A hepatite autoimune não tem cura, mas pode ser estabilizada.

Para tanto, é indicado o uso de medicamentos para controlar a imunidade, com uma dieta equilibrada, baseada em frutas, verduras e cereais, sem álcool, gorduras e excesso de conservantes e agrotóxicos.

Veja, portanto, que os diferentes tipos de hepatite exigem uma reeducação alimentar e mudanças no estilo de vida.

O recado é claro: o seu portador precisa aprender a se cuidar melhor.

Prevenção da Hepatite

A melhor maneira de prevenir a hepatite A é manter bons hábitos de higiene.

Recomenda-se lavar bem as mãos após utilizar o banheiro e antes das refeições.

Também é indicado evitar comer alimentos crus ou desinfetá-los e preferir a água potável (mesmo para fazer sucos ou saladas).

Para evitar contrair os vírus das hepatites B e C, é aconselhado usar preservativos durante as relações sexuais, não compartilhar seringas, agulhas, alicates de unha, escovas de dentes e lâminas de barbear.

Procura também solicitar o uso de aparelhos descartáveis ou esterilizados para realizar procedimentos como piercings, tatuagens e acupuntura.

Saiba ainda que as hepatites A e B podem ser prevenidas com vacina nos primeiros anos de vida, conforme o PNI – Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde.

Complicações da Hepatite

Normalmente, a hepatite aguda é benigna e não tende se agravar.

Mas, em alguns casos, ela pode evoluir para um quadro grave denominado de “hepatite fulminante”.

Como o nome indica, ocorre uma extensa danificação das células do fígado e o colapso de suas funções.

Quando a hepatite se torna crônica – ou seja, há processo inflamatório contínuo e progressivo no fígado por muitos anos -, o indivíduo pode desenvolver fibrose (espécie de cicatrizes) no órgão, cirrose hepática e até mesmo câncer.

Em casos bastante avançados da doença, podem ser necessárias intervenções cirúrgicas e transplante de fígado.

Como conviver com a Hepatite?

O diagnóstico de hepatite não é motivo para pânico.

Afinal, a doença pode ser tratada ou, ao menos, controlada.

Por outro lado, deve-se ter em mente que alguns cuidados e adaptações na rotina são necessários.

É importante seguir as orientações do médico sobre alimentação, descanso e tratamento.

As pessoas que convivem com o indivíduo infectado precisam ter cuidado ao partilhar objetos pessoais, e o parceiro sexual deve ser vacinado.

Uma das recomendações médicas é não se isolar de familiares e amigos, para evitar a depressão que com frequência acompanha pacientes portadores de alguma doença crônica.

Tirar todas as dúvidas com o profissional de saúde, procurar se informar bem sobre a doença e compartilhar experiências com outras pessoas que estão passando pelo mesmo problema são atitudes que podem ajudar a lidar melhor com a hepatite.

Conclusão

A hepatite é uma doença comum, mas que se manifesta de diferentes formas, já que possui variados tipos e características.

O desconhecimento sobre ela leva muita gente a ignorar ou subestimar seus sintomas, especialmente na fase inicial da doença.

O problema é que é justamente nesse momento que há maiores chances de sucesso no tratamento e na cura.

Seja qual for o estágio da hepatite, o acompanhamento médico é fundamental.

Você pode começar consultando um clínico geral, mas o especialista para o seu caso é um hepatologista.

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Por: Cia da Consulta

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