Quem vê uma criança hiperativa pode até levar na brincadeira. Afinal, o agito dela parece divertido à primeira vista.

Mas a realidade não é bem assim: a hiperatividade é uma condição de saúde que exige atenção, já que pode causar uma série de prejuízos à rotina dos pequenos.

O primeiro passo, portanto, é entender o conceito de hiperatividade: o que é e como se manifesta.

Aceitando a condição e compreendendo a sua importância, você se afasta de abordagens incorretas, que podem ter reflexos psicológicos na criança.

Fazer um teste de hiperatividade na internet ou seguir conselhos de amigos, por mais bem intencionados que sejam, não substitui a necessidade de buscar auxílio médico.

E é sobre isso que iremos falar ao longo deste artigo.

Você vai conferir tudo o que precisa saber sobre a criança hiperativa, como lidar com a hiperatividade infantil na escola e em casa, quais são os seus sintomas e tratamento possível.

Este é um guia completo sobre o assunto.

Então, se você conhece uma criança hiperativa, não deixe de acompanhar o texto até o fim.

Boa leitura!

O que são crianças hiperativas? (hiperatividade)

Uma criança hiperativa, como o nome sugere, é portadora de um distúrbio chamado TDAHTranstorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade.

Por vezes confundida com agitação, a hiperatividade vai além disso.

Sua principal marca está no nível de atividade bem acima do normal por parte da criança, na comparação com outras da mesma faixa etária.

Não é apenas uma criança inquieta, pois eventualmente passa por mal-educada.

Em razão de seu comportamento, é extremamente difícil de lidar, o que geralmente incomoda as pessoas ao seu redor, frustrando ou mesmo constrangendo os pais.

O problema é que os reflexos da sua conduta não se resumem a esse tipo de prejuízo pontual.

A escola acaba sendo devagar demais para a criança hiperativa.

Ela precisa de mais atividades, simultâneas ou sequenciais, e o ensino se torna entediante.

Não raro, tamanha displicência aparece nas notas, com um rendimento abaixo da classe.

É um resultado curioso, já que ela não não costuma ter nenhuma deficiência de aprendizagem – apenas de atenção mesmo, como o distúrbio indica.

Percentagem de Crianças e Adultos Com Hiperatividade

Na última década, diferentes estudos foram produzidos a respeito da prevalência do TDAH em crianças e jovens, sempre chegando a resultados parecidos.

Em 2011, a primeira pesquisa em larga escala, realizada pelo Instituto Glia junto a 5.961 pessoas de 4 a 18 anos, identificou o transtorno em 4,4% deles.

No mais recente estudo, publicado em fevereiro de 2018 na Revista Brasileira de Psiquiatria, o percentual de diagnósticos foi de 4,5% entre estudantes de Medicina.

Em escala global, os resultados são parecidos, variando entre 3% a 6% de prevalência.

Vale citar ainda estudo publicado em 2012 nos Estados Unidos, que identificou um aumento de 66% nos casos de TDAH em uma década.

Por lá, embora o atendimento por psiquiatra infantil tenha subido de 24% para 36%, ainda a maioria dos diagnósticos é realizada por clínicos gerais ou médicos de cuidados primários – realidade próxima da brasileira e distante da ideal.

Percentagem da Hiperatividade Entre os Sexos

O TDAH é mais frequente em meninos do que em meninas.

Essa é uma afirmação possível de ser feita com base em diferentes estudos.

E é importante citá-los, já que por muito tempo se associou a predominância masculina ao temperamento tradicionalmente inquieto dos meninos.

Ou seja, como eles costumam incomodar mais do que elas, a dificuldade de diagnóstico da hiperatividade nas meninas levaria a esse entendimento.

É possível que, em parte, isso seja verdade. Por outro lado, a cada confirmação de criança hiperativa pelo lado feminino, outros três casos são diagnosticados no lado masculino.

Em média, esse é o resultado apontado pela literatura científica.

Como exemplo, este artigo, publicado na Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano, identifica a proporção de 3,5 por 1.

este outro, divulgado na Revista Brasileira de Psiquiatria, analisou uma amostra maior e chegou à proporção de 3 por 1.

Por outro lado, vale destacar pesquisas que mostraram resultados um pouco diferentes, nos quais a prevalência masculina se mantém, mas de forma ainda mais marcante.

É o caso de dados divulgados pelo Instituto ADHD, na Suíça, que analisou 1.478 pacientes com TDAH no Europa, sendo 84,3% deles meninos.

Já nos Estados Unidos, a pesquisa NHIS (National Health Interview Survey), realizada no início da década, encontrou o diagnóstico de hiperatividade em 9,5% das crianças entre 4 e 17 anos, sendo 13,3% meninos e 5,6% meninas.

Principais sintomas de crianças hiperativas

Mas o que é, de fato, um sintoma de criança hiperativa? E o que diferencia tais sinais das condutas de uma criança agitada?

É importante fazer essa distinção, pois em um caso há um distúrbio, enquanto outro demanda ajustes comportamentais, sem preocupação no médio e longo prazo.

Ao conhecer os principais sintomas de uma criança hiperativa, você pode identificar alguns deles nos próprios filhos ou em filhos de amigos.

Não significa, contudo, que seja realmente um caso de TDAH.

O importante é que, havendo desconfiança dos pais, seja feita uma consulta ao pediatra para que ele oriente ou não uma investigação mais aprofundada.

Então, fique de olho na lista abaixo, que é bastante abrangente no que diz respeito a possíveis sintomas de hiperatividade.

  • Mexe pés e mãos a todo momento
  • Bate com dedos ou objetos na mesa
  • Parece não escutar o que as pessoas ao seu redor falam
  • Distrai-se com facilidade
  • Não presta atenção na sala de aula
  • Costuma gostar de métodos de ensino diferentes, mais visuais e com movimentos
  • É inteligente, mas tem baixo desempenho escolar
  • Comete erros bobos por simples distração
  • A aprendizagem é bastante difícil
  • Possui dificuldade para terminar tarefas
  • Concentra-se demais em algo que lhe interessa ou estimula
  • Demonstra desvios de organização e disciplina
  • Com frequência não lembra onde deixou objetos
  • Não consegue permanecer sentado quando deveria
  • Mostra-se ansioso, inquieto e impulsivo
  • Pode aparentar depressão
  • Irrita-se facilmente e pode parecer raivoso e agressivo
  • Costuma ser criativo
  • Gosta de novidades, aventuras e desafios
  • Apresenta variações de humor repentinas
  • Fala sem pensar e sem filtrar comentários
  • Demora para dormir e dorme mal
  • Fica com as pernas inquietas na cama
  • Não para quieto nem para ouvir uma história.

Você pode perceber ao observar essa relação que muitos sintomas são comuns a crianças mesmo sem o diagnóstico de hiperatividade.

É por isso que deve haver muito cuidado em taxá-la de hiperativa – não faça isso sem antes procurar um médico.

Na maioria dos casos de TDAH, a criança não apresenta um ou outro desses sintomas, mas um grande número deles.

Para os pais, portanto, a dica é prestar mais atenção ao seu filho.

Esse é o primeiro passo para buscar uma solução para o seu caso.

Principais causas da hiperatividade

Agora que conhece os sintomas, você pode estar se perguntando: o que molda uma criança hiperativa?

A literatura científica relaciona alguns fatores como preponderantes para a incidência do TDAH.

Entre eles, a genética é um dos principais.

Ou seja, a criança hiperativa já nasceria com uma predisposição ao desenvolvimento do transtorno.

O histórico familiar, com casos de déficit de atenção e hiperatividade em pais e avós, por exemplo, seria um indicativo para o TDAH.

Inclusive, há relatos médicos de pais que só se descobrem portadores do mesmo distúrbio no momento do diagnóstico dos filhos, quando há uma identificação com os sintomas relatados.

Outro fator costumeiramente relacionado à hiperatividade diz respeito ao sistema nervoso central, com alguma alteração no cérebro já no desenvolvimento do embrião.

Quando crescem, crianças hiperativas poderiam apresentar diferenças em áreas cerebrais, embora o diagnóstico não necessariamente passe por exame nessa região.

Ainda entre as causas, vale citar recente estudo do Instituto de Saúde Pública da Noruega, que associou o TDAH a crianças com nascimento prematuro.

Naquelas que nasceram após 22 a 33 semanas de gestação, os sintomas do distúrbio foram identificados de modo mais marcante.

Importância do diagnóstico

O diagnóstico do TDAH não é exatamente fácil, mas é importantíssimo.

Sem identificar o distúrbio, a criança pode ter a sua rotina afetada e levar consigo os sintomas para a vida adulta.

Os prejuízos na escola e na própria vida podem ser graves.

Além disso, é possível que o seu caso seja tratado pelos próprios pais, irmãos ou colegas como o de uma criança mal-educada.

Se a própria acreditar nisso, pode se abalar psicologicamente e ser estimulada a um sentimento de inferioridade perante os demais.

Como você deve imaginar, nada disso é saudável para o seu desenvolvimento.

Ainda que conviva com outras crianças desde os primeiros anos de vida, costuma ser na fase escolar que os sintomas se manifestem com mais intensidade, favorecendo o diagnóstico.

Em tese, ele pode ocorrer até a criança hiperativa completar 12 anos, mas é provável que o distúrbio seja percebido antes disso.

Acontece tanto em casa, na agitação permanente e dificuldade para realizar tarefas, quanto na escola, onde o professor exerce papel fundamental para não reprimir, mas orientar os pais a buscar auxílio médico especializado.

O que fazer ao suspeitar que seu filho é hiperativo?

Em razão do já exposto, é fundamental que a família e a escola atuem em conjunto, observando e monitorando o comportamento da criança, o seu rendimento em atividades de maior duração e o seu autocontrole, tanto cognitivo quanto emocional.

Cabe lembrar que o primeiro passo pode envolver a consulta ao pediatra, que tem grande importância no processo.

Se a escola contar com psicopedagoga ou houver a possibilidade de buscar a sua opinião, ela também é relevante.

Contudo, é bastante provável que o diagnóstico só seja confirmado junto ao um psiquiatra infantil.

Para tanto, ele não solicita exames, pois depende apenas da avaliação clínica para identificar o TDAH.

É também esse profissional que pode reconhecer que não se trata de um caso de distúrbio, mas de uma criança agitada, como iremos destacar a seguir.

Crianças agitadas x hiperatividade: Qual a diferença?

A linha entre a criança agitada e a hiperativa é tênue.

Por vezes, fica mesmo difícil para os pais fazerem essa distinção.

Mas há algumas observações que podem ser realizadas quanto ao comportamento da criança, de modo a evitar um diagnóstico apressado ou equivocado de TDAH.

Você já conferiu os sintomas de uma criança que apresenta o distúrbio, certo?

Então, tenha em mente que, quando a hiperatividade não está presente, seus episódios de inquietude, irritação ou desatenção são esporádicos e com uma motivação clara.

Ou seja, o seu comportamento não é padrão, mas motivado por uma descoberta ou em reação a algo.

A criança agitada até pode parecer estar no mundo da lua, distraída, mas sabe prestar atenção quando isso lhe interessa.

Ela pode ser desobediente como qualquer outra da sua faixa etária, mas tem conhecimento dos limites – ou seja, até onde pode ir com a sua teimosia.

Entenda que cada criança tem suas características próprias e uma personalidade única.

Tenha cuidado com as opiniões que carecem de embasamento técnico e jamais medique seu filho para deixá-lo mais calmo, sem orientação médica.

Do mesmo modo, não recorra a chás e remédios caseiros para criança agitada sem antes conversar com o seu pediatra sobre isso.

Imagine o seu filho saudável acabar prejudicado por um erro de avaliação dos pais ou familiares.

Complicado, não é mesmo?

Déficit de atenção é sempre hiperatividade?

Este é outro ponto polêmico e que desperta dúvidas entre os pais.

Em razão do nome TDAH, há uma associação lógica entre o déficit de atenção e a hiperatividade, como se fossem uma coisa só ou mesmo dependentes um do outro.

Não são e, mais do que isso, o déficit de atenção pode se manifestar de forma isolada da hiperatividade.

Quando isso acontece, em geral, a criança é mais lenta na realização de tarefas.

Essa é uma característica que a leva facilmente a perder o foco naquilo que faz.

Também a sua interação e relacionamento com colegas e professores costuma ser mais difícil.

Em geral, seu temperamento se mostra mais introvertido.

Cabe lembrar que a desatenção e a dificuldade de concentração também se manifestam na criança hiperativa, mas, nesse caso, isso ocorre pela total incapacidade de se ater a uma coisa só.

Como lidar com crianças hiperativas

Se o seu filho é hiperativo, as dicas a seguir vão ajudá-lo a ser mais paciente com ele e lidar melhor com o seu distúrbio.

Não faça ameaças

A criança hiperativa, muitas vezes, quer a sua atenção.

Ameaçar “fugir de casa”, ainda que não seja real, só servirá para deixá-la mais apreensiva e com medo da rejeição.

Na prática, a criança vai intensificar a busca pela sua atenção.

Faça exercícios de respiração

Pode iniciar como uma brincadeira divertida, mas é importante para que a criança comece a aprender a ter mais autocontrole em suas ações.

Nisso, o exercício pode ajudar.

Busque uma atividade extracurricular

Incentive um programa que a criança goste muito, como aulas de natação, judô, futebol ou música.

Vai ser um momento de canalizar a energia e se sentir mais tranquilo.

Tente evitar os eletrônicos

Computador, celular, televisão e videogame não são vilões, mas é interessante que sejam utilizados com muita moderação pela criança, pois podem produzir ainda mais estímulos – o que atrapalha o sono.

Dê limites

A hiperatividade da criança não pode soar como desculpa para atos de indisciplina e desrespeito.

Pais devem estabelecer regras e limites, impor uma rotina com horários fixos e mostrar que estão no comando.

Ela precisa saber o que pode ou não fazer, independente do seu distúrbio.

Elogie

Reconhecer os méritos e boas condutas da criança é fundamental para a sua autoestima.

Também serve para que crie referências sobre comportamentos positivos esperados dela.

Esteja presente e seja participativo

Junte-se à diversão sempre que possível, fazendo programas diferentes com a criança, propondo jogos e abrindo espaço para conversas sadias sobre assuntos de seu interesse.

Qual o melhor tratamento para a hiperatividade?

O tratamento para a hiperatividade não possui uma única vertente.

Especialmente no caso de uma criança hiperativa, a abordagem precisa ser multidisciplinar.

Como já destacado, uma  psicopedagoga e pediatra podem dar o start no processo, que também pode contar com neurologista e, principalmente, um psiquiatra.

O que acontece é que se torna necessário aplicar tanto medidas pedagógicas quanto comportamentais.

Se o diagnóstico de TDAH for confirmado, é importante que os pais estejam cientes de que o tratamento à base de medicamentos é insubstituível.

Ainda que não seja único, ele está sempre presente.

Mas atenção: remédios são drogas e, como tal, só podem ser utilizados após indicação médica.

Junto a isso, não esqueça de seguir as dicas que apresentamos antes para lidar com a criança hiperativa.

Atividades físicas são importantes, assim como cuidados com a sua alimentação.

O acompanhamento com o passar dos anos ajuda e entender como se dá a evolução do caso, já que há a expectativa de melhora conforme a criança cresce.

Em muitas situações, o indivíduo chega à vida adulta já sem apresentar sintomas do distúrbio.

Por outro lado, se nada for feito, prejuízos significativos são esperados.

Pesquisas têm associado o TDAH ao uso de drogas, acidentes de trânsito, abandono escolar, entre outros problemas que se manifestam na vida adulta.

Portanto, cuidar do problema ainda na infância deve ser um compromisso assumido pelos pais.

Conclusão

Uma criança hiperativa pode passar por agitada, levada, desatenta ou mal-educada.

Todos são diagnósticos empíricos que só contribuem para fragilizar o pequeno emocionalmente.

É por isso que cabe aos pais e professores estarem atentos ao comportamento da criança e, havendo a repetição de sintomas característicos da hiperatividade, encaminhá-la para a consulta médica.

O TDAH não tem cura, mas o indivíduo pode chegar à fase adulta com os sintomas sob controle.

Reconhecer os sinais, confirmar o distúrbio, iniciar o tratamento e lidar bem com suas consequências são ações fundamentais nesse processo.

Se você desconfia da hiperatividade no seu filho, não deixe para depois: busque auxílio especializado.

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Por: Cia da Consulta

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