A apneia do sono nem sempre é levada a sério.
Se você já achou o ronco do parceiro engraçado, talvez sequer desconfie que aquele barulho que prejudica o seu descanso pode ser um sinal de problema mais sério.
Mas como veremos neste artigo, estamos falando de uma condição de saúde que até mesmo ameaça a vida do paciente.
A apneia tem cura e é possível conviver relativamente bem com ela.
Mas tudo isso passa pelo reconhecimento e aceitação do problema, levando o caso para investigação médica.
Para que se sinta mais bem informado sobre o assunto, preparamos um guia completo e definitivo.
A partir de agora, você vai entender o que é apneia respiratória, seus tipos, causas, sintomas, fatores de risco, formas de diagnóstico e também tratamentos para apneia de sono.
Era esse o conhecimento que buscava? Então, boa leitura!
Neste episódio, convidamos o Pneumologista, Elie Fiss, para explicar como o que é Apneia.
O que é Apneia? (Apneia do Sono)
Apneia é um distúrbio do sono caracterizado por repetidas interrupções da respiração.
Enquanto dorme, a pessoa com apneia para de respirar diversas vezes, por alguns segundos, muitas vezes sem se dar conta do que está ocorrendo.
Configura-se o distúrbio quando ocorrem cinco ou mais episódios de pausa da respiração a cada 60 minutos de sono.
Porém, nos casos mais graves, podem ocorrer até 50 episódios em apenas uma hora.
A apneia prejudica muito a qualidade do sono porque o indivíduo desperta várias vezes durante a noite, mesmo que inconscientemente, para retomar a respiração.
Assim, interrompem-se ciclos importantes do sono, como a fase 4 (a mais profunda), que promove o descanso reparador, ou a REM, responsável pela consolidação da memória e a retenção de novos aprendizados.
Além disso, essas pausas na entrada de ar podem acarretar diminuição da concentração de oxigênio no sangue, o que gera inúmeros problemas para o organismo.
Tipos de Apneia
A apneia do sono diferencia-se em três tipos – obstrutiva, central e mista -, de acordo com a origem da pausa respiratória.
Veja abaixo as diferenças entre cada uma.
Apneia obstrutiva do sono (AOS)
Tipo mais comum do distúrbio, a apneia obstrutiva do sono ocorre devido à obstrução total ou parcial das vias aéreas.
É normal, durante o sono, que os músculos da garganta e da língua relaxem e passem a ocupar mais espaço dentro da boca e do pescoço.
Só que, em alguns casos, esses músculos acabam bloqueando a passagem de ar das vias aéreas para o pulmão.
Amígdalas inflamadas, obesidade (com aumento do peso do pescoço) e características anatômicas (como língua grande demais, queixo afundado, desvio de septo nasal, etc.) são outros fatores que causam a obstrução das vias aéreas.
Apneia central do sono (ACS)
A apneia central do sono é menos comum.
O distúrbio é causado por uma falha de comunicação entre o cérebro e o corpo, em decorrência de problemas cardiovasculares, acidente vascular cerebral (AVC), tumor, lesões ou infecções no cérebro, entre outros.
Neste caso, o que acontece é que os músculos responsáveis pela respiração não recebem os comandos do sistema nervoso central para realizar a função.
Eles permanecem estáticos, promovendo longos períodos de interrupção da passagem de ar.
Apneia mista do sono
A apneia mista do sono é uma combinação dos outros dois tipos de apneia.
Tem como causas, conjuntamente, a obstrução das vias aéreas (tal qual na apneia obstrutiva) e a falta de sinal neurológico para a respiração (como na apneia central).
Dos três tipos do distúrbio, este é o que tem menor prevalência.
Sintomas
Os sinais mais óbvios da apneia do sono (principalmente a obstrutiva) são o ronco alto e sons de engasgo ou sufocamento durante a noite.
Muitas vezes, o indivíduo não tem consciência do problema e só o descobre quando é alertado por algum familiar que se sente incomodado com os barulhos.
Em muitos casos, porém, a pessoa não produz nenhum som enquanto dorme, o que dificulta a detecção do distúrbio. É mais comum que isso aconteça nos casos de apneia central.
Existem outros sintomas que podem indicar apneia, como sensação de falta de ar durante a noite, excesso de sono durante o dia, dor de cabeça, dor de garganta ou boca seca ao acordar, dificuldade de concentração e de memória e irritabilidade.
Causas da Apneia
Como vimos brevemente acima, qualquer fator que provoque o estreitamento ou o fechamento da passagem de ar pelas vias aéreas pode originar a apneia do sono.
As causas mais comuns são:
- Obesidade
- Crescimento desproporcional das amígdalas
- Má-formação da mandíbula ou da faringe
- Desenvolvimento excessivo da língua
- Tumores
- Perda de tono muscular na faringe
- Falta de coordenação dos músculos respiratórios.
Como é feito o diagnóstico da Apneia
O diagnóstico da apneia do sono ocorre principalmente por meio de um exame chamado de polissonografia ou pelo mini estudo do sono.
Para realizar a polissonografia, o indivíduo deve passar a noite no hospital.
Ele fica conectado a eletrodos (espécies de sensores) através do tórax, da região próxima das pálpebras, da cabeça e das pernas.
O uso desses eletrodos têm como objetivo acompanhar a atividade cardíaca, a fase REM do sono, as ondas cerebrais e o tônus muscular do paciente enquanto dorme.
Em alguns casos, também podem ser utilizados:
- Faixas ao redor do tronco para avaliar o movimento do peito e do abdômen
- Cateter no nariz para observar a respiração
- Aparelho no dedo para medir os níveis de oxigênio no sangue (chamado de oxímetro).
O mini estudo do sono, por sua vez, é um método de diagnóstico semelhante à polissonografia, mas mais simples.
Pode ser realizado em casa, mediante instruções médicas.
O paciente recebe um aparelho responsável por medir a respiração, a pulsação e os níveis de oxigênio no sangue.
Conecta-se a ele durante a noite e, no outro dia, o leva para a análise de um especialista na clínica, no hospital ou no laboratório.
Ressonâncias magnéticas também são utilizadas, às vezes, em casos de suspeita da presença de apneia central.
Por meio de ondas de rádio, esse tipo de exame é capaz de gerar imagens do cérebro e da medula espinhal para detectar possíveis anomalias.
Apneia x Hipopneia
Embora sejam distúrbios de sono muito parecidos e possam causar confusão em bastante gente, apneia e hipopneia não são exatamente a mesma coisa.
Os significados dos dois termos já denotam a diferença.
“Hipo” significa “pouco”, “escasso”, enquanto “pneia” significa “respiração”. Ou seja, hipopneia refere-se à diminuição do fluxo normal e da profundidade dos movimentos respiratórios.
“Apneia”, por sua vez, leva o prefixo “a” na frente (de negação), e refere-se à falta total de respiração.
Pessoas com apneia do sono têm as vias respiratórias completamente bloqueadas em alguns períodos durante o sono, enquanto naquelas que apresentam hipopneia, esse bloqueio ocorre apenas parcialmente.
Não é raro que as duas condições ocorram juntas, com o indivíduo intercalando episódios de apneia e hipopneia durante o sono.
Tratamento para Apneia (Tem cura?)
Para curar definitivamente a apneia do sono, é preciso tratar a condição de saúde que origina o problema.
Dependendo do caso, o tratamento pode consistir, por exemplo, em cessar o uso de determinados medicamentos, em fazer fonoterapia ou até mesmo em eliminar problemas otorrinolaringológicos que possam estar causando a apneia.
Uma alternativa para amenizar quadros leves de apneia é o uso de aparelho intraoral, que posiciona a mandíbula mais para frente e impede o bloqueio das vias aéreas.
Há outro equipamento, chamado de aparelho de pressão contínua nas vias aéreas, indicado para casos mais graves.
Com uma máscara sobre o nariz e a boca do paciente, ele libera oxigênio e evita que a entrada de ar pelas vias aéreas seja interrompida.
Para alguns casos de apneia central, também pode ser receitado um medicamento chamado acetazolamida, que tem como função estimular o sistema respiratório.
Quando buscar ajuda médica?
A presença do ronco durante a noite é o primeiro sinal vermelho para procurar o médico e investigar um possível distúrbio de apneia.
Mas não se trata de um ronco qualquer.
O som torna-se preocupante quando é bastante alto e sofre algumas pausas (o que pode indicar que a respiração do indivíduo está sendo interrompida).
Um bom indicativo de que há algum problema é quando o sono do parceiro ou dos familiares começa a ser prejudicado por conta dos barulhos emitidos durante a noite.
Outro sinal de alerta, que também vale uma visita ao consultório médico, é a dificuldade em realizar atividades rotineiras durante o dia devido à sonolência, à falta de concentração ou à irritabilidade.
Médicos especializados em distúrbios do sono e otorrinolaringologistas são os mais indicados para ajudar alguém que tenha suspeita de apneia.
Casos graves e Complicações
Quadros graves de apneia prejudicam a qualidade do sono e, se não tratados, podem produzir efeitos devastadores no organismo, para além do cansaço diário.
É comum que pessoas com apneia do sono desenvolvam pressão alta, devido à diminuição dos níveis de oxigênio que chega ao sangue durante a noite.
A apneia aumenta ainda os riscos de outros problemas cardiovasculares, como:
- Ataque cardíaco
- Arritmia cardíaca
- Fibrilação atrial
- Bradicardia sinusal
- Bloqueio atrioventricular
- Extrassístoles ventriculares isoladas e bigeminadas
- Infarto agudo do miocárdio
- Acidente vascular cerebral (AVC).
É sabido também que o distúrbio favorece a resistência do organismo à insulina e o desenvolvimento da diabetes tipo 2, além de problemas no fígado e cirrose.
E não para por aí.
A apneia pode levar o paciente a desenvolver distúrbios cognitivos e até mesmo se envolver em acidentes de trabalho e de trânsito, uma vez que a capacidade de atenção e concentração fica prejudicada.
Apneia apresenta risco de morte?
Infelizmente, a apneia pode matar.
O distúrbio, inclusive, configura-se como um dos principais fatores de risco para a morte súbita cardíaca.
O que acontece é que, com as pausas na respiração, pouco oxigênio é levado para as células do corpo.
O coração, por sua vez, tenta reverter essa situação, mas nem sempre consegue.
Em alguns casos, ele para de bater abruptamente devido a alterações dos impulsos elétricos cardíacos, resultando na morte do indivíduo.
Fatores de Risco
De maneira geral, os fatores de risco para apneia do sono são:
- Obesidade ou excesso de peso
- Idade avançada
- Ser do sexo masculino
- Ter algum caso de distúrbio do sono na família
- Consumo excessivo de álcool e cigarro
- Uso de analgésicos
- Uso de medicamentos para dormir
- Complicações médicas precedentes (causadas por doenças cardíacas, AVC, síndromes autoimunes, distúrbio da tireoide).
No caso da apneia obstrutiva, crianças pequenas estão no grupo de risco porque comumente têm as amígdalas e adenoides grandes demais, fator que pode causar a obstrução das vias aéreas.
A menopausa também pode favorecer o desenvolvimento da apneia, uma vez que as mudanças nos hormônios fazem com que os músculos da garganta relaxem mais.
Nascimento prematuro é outro fator de risco para a apneia, pois, nesta fase da vida, o bebê ainda não tem os sistemas respiratório e cerebral totalmente desenvolvidos.
Como prevenir a Apneia
A melhor maneira de evitar a apneia do sono é atacar os seus fatores de risco.
Por isso, recomenda-se consumir uma dieta equilibrada, fazer exercícios físicos, manter o peso adequado, não fumar nem consumir álcool em excesso.
Outras medidas simples que podem ajudar a evitar ou, ao menos, minimizar episódios de apneia, são manter as narinas limpas, sem secreções, e dormir de lado ou com a cabeça um pouco elevada.
Nessas duas posições, os músculos relaxados da garganta pendem para baixo ou para o lado, sem pressionar as vias aéreas nem bloquear a passagem de ar.
Convivendo com a Apneia
A qualidade de vida do paciente tende a melhorar depois que ele inicia o tratamento para a apneia, pois as noites de sono tornam-se mais tranquilas, e o descanso, mais profundo e reparador.
Porém, algumas pessoas apresentam dificuldade para se adaptar ao uso dos aparelhos intra oral ou de pressão contínua.
No início, eles podem causar certo estranhamento e desconforto na hora de dormir.
Por isso, uma boa dica é testar os diferentes tipos de equipamentos que existem no mercado.
Hoje em dia, há opções leves, discretas e silenciosas, desenvolvidas para promover maior conforto ao paciente.
Outros passos imprescindíveis para conviver bem com a apneia são fazer visitas regulares ao profissional de saúde, relatar qualquer outra alteração que ocorra durante o sono (como terrores noturnos
ou pesadelos) e seguir à risca as recomendações médicas.
Outras doenças do sono
Além da apneia do sono, existem inúmeros outros distúrbios, com origens diversas, que podem afetar a capacidade de dormir adequadamente e causar prejuízos à saúde do corpo e da mente.
Conheça abaixo alguns dos mais comuns.
Ronco
O ronco é um ruído emitido pela garganta durante o sono, que ocorre devido à diminuição do espaço por onde o ar passa.
Suas causas são muito semelhantes às da apneia do sono, e o tratamento, normalmente, inclui as mesmas medidas: perder peso, usar aparelhos durante a noite, mudar hábitos de sono e passar a dormir de lado ou de bruços.
Bruxismo
O bruxismo caracteriza-se pelo ato de apertar ou ranger os dentes.
Embora possa ocorrer durante o dia, é mais frequentemente observado durante a noite.
As causas do distúrbio não são completamente compreendidas, mas associam-se características tanto físicas quanto psicológicas.
Deformidades na mandíbula, alinhamento anormal dos dentes, estresse, ansiedade e tensão são alguns dos fatores apontados como desencadeadores do problema.
O bruxismo pode causar desgaste no esmalte dentário, fraturas, desconforto na região da mandíbula e até dores de cabeça.
Recomenda-se o uso de uma placa dentária durante a noite para minimizar o atrito dos dentes.
Distúrbio de comportamento do sono REM
Pessoas com distúrbio de comportamento do sono REM realizam involuntariamente movimentos agressivos e violentos durante esta fase do sono.
Elas podem gritar, chorar, dar socos e pontapés e até mesmo cair da cama enquanto têm sonhos angustiantes ou pesadelos.
O distúrbio ocorre devido a uma falha no mecanismo natural do organismo que inibe a contração muscular e pode estar associado a doenças neurodegenerativas, como o Mal de Parkinson.
Acomete mais frequentemente homens na faixa etária da meia idade e pode ser tratado com medicações específicas.
Insônia
A insônia caracteriza-se pela dificuldade em dormir ou em permanecer dormindo, mesmo que não haja condições adversas para o sono (como barulho, calor, frio e luz).
É um dos distúrbios do sono mais comuns e conhecidos.
Todo mundo pode sofrer com episódios de insônia vez ou outra, seja por causa de horários de sono desregulados ou por conta de preocupações, ansiedade, estresse etc.
Porém, quando o problema se repete em três ou mais noites por semana e perdura por mais de três meses, passa a ser considerado um distúrbio.
Uma vez que provoca a privação do sono, a insônia é capaz de causar inúmeros problemas ao indivíduo, como cansaço, sonolência, mau humor e dificuldade de concentração.
Por isso, é tão importante que ela seja tratada.
Remédios indutores do sono são uma alternativa muito utilizada, mas a melhor solução para o problema, a longo prazo, é a mudança de hábitos.
Paralisia do sono
Paralisia do sono é outro distúrbio bastante comum, no qual ocorre a perda temporária da capacidade de se movimentar ou falar.
Durante um episódio de paralisia do sono, a pessoa está acordada e consciente do mundo ao seu redor, mas não consegue mexer os músculos.
Eles simplesmente param de responder aos comandos do cérebro.
Algumas vezes, a paralisia vem acompanhada de alucinações e causa bastante medo no indivíduo, que não consegue sair daquela situação.
O distúrbio está associado a fatores como esgotamento físico, estresse, privação de sono e falta de rotina para dormir.
Conclusão
Você conferiu neste artigo um guia completo sobre a apneia, seus tipos, sintomas, causas e formas de diagnóstico e tratamento.
Agora, tem informações importantes para reconhecer e enfrentar essa condição que passa longe daquele desagradável ronco que incomoda o parceiro.
Como vimos nesta leitura, a apneia pode até matar.
Então, não minimize os riscos e cuide da sua saúde.
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